9.2.09

CUBA

Cheguei a cuba de noite, a iluminação era escassa e a ânsia de observar o que me rodeava era muita. Na viagem até ao hotel os meus olhos não pararam de engolir tudo o que conseguiam ver. Mas foi pela manhã, e ainda no quarto do hotel que me deparei com a imensidão que é a cidade de havana. O calor, o cheiro, os sons, a cor e os edifícios deixaram-me fascinada. Em termos arquitectónicos Havana é riquíssima, os edifícios são de uma beleza extraordinária, a cidade está bem organizada, no entanto parada no tempo. Olhamos os edifícios e em alguns casos questionamo-nos como ainda estão de pé. A degradação é muita. No entanto já se assiste a alguma recuperação. Havana tem mais habitantes que Lisboa, porém, não existe hora de ponta, o trânsito é reduzido para uma cidade daquela dimensão. Vê-se muitas pessoas nas estradas, todas elas à espera de uma boleia. Isto porque em Cuba, todos os cubanos que circulem num veículo são obrigados a parar para dar boleia. A policia não perdoa, e está por todo o lado. Numa das muitas viagens que efectuei de táxi, reparei que o taxista abrandou de forma drástica a velocidade, perguntei-lhe porquê. A policia era o problema, podiam multa-lo por excesso de velocidade. Onde está o dispositivo, quis saber, começou a rir e respondeu: - "é a olho, estamos em Cuba senhora". O ambiente que se vive é muito bom, as pessoas são pacíficas, muito prestáveis sempre a fazerem-se à “propina”. São pobres mas a maioria sorri, adoram música e tem o ritmo no corpo. Estão isolados do mundo, é-lhes negada muita informação, vivem conformados, vivem um dia de cada vez e ainda assim agradecem o que têm. É o país das palmeiras, do rum, do tabaco, cana-de-açúcar, cocos, dos carros, do ritmo, das paisagens deslumbrantes e claro do Che. O Che está por todo o lado. Existem muitos placares publicitários nas estradas a vangloriar o regime, apelar à união dos cubanos e dar a conhecer os malefícios dos americanos e do mundo. Recordo-me de uma frase que dizia “100 millones de ninos en el mundo com menos de 13 anos están obligados a trabajar para vivir, ninguno es cubano”, entre outras:” Viva el pueblo Patriotico unido y culto”, Viva eternamente el ejemplo que hoy ofrece al mundo la juventud cubana”…. Fala-se tanto da saúde em Cuba. Perguntei a um cubano como era a saúde em Cuba, ao que ele me respondeu: – "não adoeça esta é a saúde em Cuba". As farmácias são super interessantes, estão cheias de nada. As lojas são muito coloridas e estão desprovidas de quase tudo, existe racionamento, por mês o cubano tem direito a um X de produtos para a alimentação e higiene pessoal…que é quase nada. O melhor emprego é o ligado ao turismo, sempre se vai recebendo umas “propinas” que excedem em muito o ordenado. Tudo o que se compra em Cuba deve ser negociado. Tentam vender-nos de tudo. Quando menos esperamos à socapa mostram-nos charutos com selo de garantia, notas com o che, moedas cubanas… se dizemos que não, voltam a tapar o produto com um jornal que serve de disfarce. E tentam com outro turista. O turista utiliza uma moeda diferente dos cubanos, são os pesos convertíveis que valem muito mais. Também nos táxis, devemos sempre perguntar o preço e o taxímetro só funciona quando estamos prestes a chegar ao local. O Fidel que se lixe, deve ser a lei do desenrasca ou então o sistema está prestes a dar o berro. Não há negócios privados em Cuba. Todos trabalham para o Fidel. Numa das visitas, a guia leva-nos a uma fábrica de rum, experimentamos várias bebidas sempre no sentido da compra, adquirimos algumas garrafas. Descemos as escadas da fábrica e à saída o porteiro sem a guia ver, mostra-nos uma garrafa, a qual se apressa a esconder e diz: – "cinco pesos". O caricato é que por detrás dele está uma fotografia de Fidel. A garrafa de rum que nos tenta vender é igual às que estão na loja da fábrica mas por um terço do preço. Apesar de tudo na cidade de Havana as pessoas não pedem géneros aos turistas, o que já não se verifica fora da capital. Onde pedem essencialmente camisolas, sabão e canetas. Toda a atmosfera de Cuba nos transporta para o passado, parece que nos tornamos protagonistas de um qualquer filme. São as casas com a sua cor, o seu aspecto colonial, sempre com uma ou mais cadeiras de baloiço à porta. O tempo em Cuba não voa é lento e contemplativo. Cuba é cor, tudo em seu redor é colorido apela à alegria. A sua dança é sensual e a música alegra o espírito. Fiquei a conhecer um pouco do universo de Cuba, no entanto, fiquei sedenta de ver mais. Apaixonei-me por este país com recursos inesgotáveis. Hei-de voltar um dia.

1 comentário:

  1. Uma descrição de Cuba, de quem absorveu todas as cores, sabores e cheiros.
    Gostaria de visitar um dia

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com vontade de escrever!!!